Tecnologias da Reprodução. Oportunidade de Lucro para o Produtor

A eficiência reprodutiva é critica para a viabilidade da atividade de cria, contudo são ainda muito poucos os produtores que tiram vantagem das tecnologias reprodutivas disponíveis, que podem aumentar bastante a lucratividade do negócio. Hoje em dia existe a oportunidade para que os produtores possam gerar valor com genética conhecida. Com o uso da inseminação artificial (IA), qualquer pecuarista tem acesso total a touros com alta acurácia capazes de atingir objetivos de produção altamente específicos. O aumento da idade e peso dos bezerros ao desmame são suficientes em algumas situações para pagar os custos de sincronização e da IA. Como resultado destas sincronizações , mais vacas parem precocemente no ano seguinte e subseqüentes. As estações reprodutivas podem ser reduzidas sem diminuir as taxas reprodutivas ao final das mesmas. Lucros obtidos através da melhor mercabilidade dos produtos obtidos e do aumento das taxas de prenhês dos sistemas de sincronização, tornam o uso das tecnologias reprodutivas uma oportunidade chave que precisam ser mais difundidas e usadas pelos produtores nos dias atuais.

sábado, 10 de julho de 2010

O Exame andrológico no manejo e na seleção de reprodutores bovinos

Revisão de Literatura

A capacidade reprodutiva de touros é avaliada pelo exame andrológico, o qual estabelece uma relação entre as condições físicas do animal, com uma avaliação do aparelho reprodutor e sua biometria bem como as características do ejaculado com as medições da concentração, motilidade e morfologia da população de espermatozóides, e testes funcionais como a integridade e reação do acrossoma dentre outros que permitem identificar a funcionalidade dos testículos para produção qualitativa de sêmen.

A seleção de reprodutores é fundamental para o melhoramento genético dos rebanhos bovinos. A utilização do exame andrológico é uma importante ferramenta para afastar animais que além de problemas reprodutivos possam transmitir características indesejáveis aos seus descendentes. O desenvolvimento andrológico dos animais pode ser acompanhado desde o nascimento ou logo após o mesmo, até a maturidade do animal através da realização de exames rotineiros.

Problemas do desenvolvimento dos testículos podem ser precocemente detectados em exames de animais jovens O criptorquidismo em bovinos pode ser facilmente diagnosticado aos três meses de idade. A aplasia segmentar do epidídimo é outra patologia que pode também ser detectada nestes primeiros exames. Permitindo afastar da reprodução animais potencialmente subferteis ou inférteis, descartando os seus portadores.

A mensuração da Circunferência Escrotal (CE) e a biometria testicular devem ser iniciadas com o animal bem jovem também, pois está fortemente correlacionada com a idade do animal e com a produção de andrógenos e a qualidade do ejaculado fornecendo informações, portanto de alta relevância na seleção de reprodutores.

A fertilidade do touro é uma das mais importantes características do rebanho de corte, principalmente em se tratando de criações extensivas em que a reprodução constitui fator limitante à produção. Portanto é de fundamental importância que ao início de cada estação reprodutiva os touros estejam aptos para a reprodução e tenham real capacidade de cobrir e emprenhar as vacas expostas. O exame andrológico deve ser realizado anualmente o mais próximo possível do início do período reprodutivo, mas com tempo suficiente para que seja possível a reposição dos reprodutores que eventualmente sejam reprovados no exame.

O exame andrológico pode mostrar animais com patologias na bolsa escrotal, nos testículos, nos epidídimos, nos cordões espermáticos, no prepúcio, no pênis bem como nas glândulas anexas, permitindo o tratamento ou descarte dos animais irrecuperáveis com sua substituição por animais com capacidade andrológica comprovada, não comprometendo os resultados das estações reprodutivas.

Ferramenta importante na execução do exame andrológico a ultrasonografia é um importante instrumento para o diagnóstico identificando e localizando lesões intraescrotais como cistos e diferenciado se as lesões são testiculares ou para-testiculares. É um exame realizado com o mínimo de desconforto para os animais e promove informação de alta sensibilidade e com baixa ocorrência de falso positivos.

Para terminar o exame andrológico uma completa avaliação do ejaculado precisa ser realizada. O vigor, o turbilhonamento e o motilidade espermática progressiva, são avaliados com o sêmen vivo no local de realização do exame e seus resultados são em escores de 1 a 5 para os primeiros e em percentual para a motilidade progressiva. A morfologia espermática pode ser realizada com a utilização de microscopia de contraste de fase com uma câmera úmida ou esfregaço corado. Por fim a concentração de espermatozóides no ejaculado é calculada com a utilização de uma câmara de Newbauer.

Com todos os dados coletados faz-se a correlação dos achados classificando os animais em aptos ou inaptos para a reprodução respeitando-se características individuais e de grupo racial. Com a utilização da ferramenta do exame andrológico adquire-se uma maior segurança para a utilização dos touros em cada estação reprodutiva e na seleção dos reprodutores para a substituição.
 
Discussão 

Na condução de estações reprodutivas que utilizam touros, seja totalmente ou integrados a programas de inseminação artificial, o exame andrológico aparece como ferramenta indispensável para o alcance dos resultados finais, visto que diminui os riscos de insucessos, pois passa-se trabalhar apenas com os animais considerados aptos para a reprodução, tratando dos que eventualmente apresentem algum problema temporário ou substituindo aqueles que não atinjam os parâmetros considerados mínimos para um bom desempenho.

A adoção de exames andrológicos ou parte dele de forma precoce é uma forma de detectar o mais rápido possível problemas que os futuros reprodutores possam ter principalmente problemas transmissíveis e que levem a subfertilidade como criptorquidimos. Serve também como mecanismo de seleção genética pois detectaria precocidade sexual, podendo-se utilizar esta informação visando transmitir esta característica útil ao rebanho. Sendo portanto de boa prática na seleção dos reprodutores evitando-se custos desnecessários com animais de potencial inferior direcionando os recursos apenas para os animais superiores.


Referências 

AMANN, R. P.; VEERAMACHANENI, D. N. R. Cryptorchidism and associated problems in animals. Animal Reproduction, v.3, n.2, p.108-120, 2006.

BICUDO, S. D.; SIQUEIRA, J. B.; MEIRA, C. Patologias do sistema reprodutor de touros. Biológico, v.69, n.2, p.43-48, 2007.

CHACUR, M. G. M.; ARAÚJO, M. C.; KRONKA, S. Características seminais, corpóreas e anatômicas do aparelho reprodutor de reprodutores da raça Canchim aos 14 e 48 meses de idade. Arquivo Ciência Veterinária Zoológica UNIPAR, v. 9, n. 1, p.21-27, 2006.

COLÉGIO BRASILEIRO DE REPRODUÇÃO ANIMAL. Manual para exame andrológico e avaliação de sêmen animal. 2. ed. Belo Horizonte:CBRA, 1998. p.11-17.

COSTA E SILVA, E. V. Comportamento e eficiência reprodutiva. Revista Brasileira de Reprodução Animal, v.31, n.2, p.177-182, 2007.

ETSON, C. J.; WALDNER, C. L., BARTH, A. D. Evaluation of a segmented rectal probe and caudal epidural anesthesia for electroejaculation of bulls. Canadian Veterinary Journal, v. 45, p.235-240, 2004.

FONSECA, V. O. Avaliação reprodutiva de touros para monta a campo: análise crítica. Anais do 18º Congresso Brasileiro de Reprodução Animal, p.40-45, Belo Horizonte, MG, 2009.

GNEMMI, G.; LEFEBVRE, R. C.; Ultrasound Imaging of the Bull Reproductive Tract : An Important Field of Expertise for Veterinarians. Veterinary Clinics of North America – Food Animal Practice, v.25, p.767-779, 2009.

GONZALEZ, F. H. D. Introdução a endocrinologia reprodutiva veterinária. 87p. Faculdade de Veterinária, UFRGS, Porto Alegre, 2002.

HOROYDE, R. G. Bull selection and management under tropical conditions - some experiences from studies in northern Australia. Anais do 3o Simpósio de Reprodução Animal Aplicada, p.68-77, Londrina, PR, 2008.

KH ABDEL-RAZEK, K.; ALI, A. Developmental Changes of Bull (Bos taurus) Genitalia as Evaluated by Caliper and Ultrasonography. Reproduction in Domestical Animals, v.40, p.23–27, 2005.

PETRUNKINA, A. M.; WABERSKI, D .; GU¨NZEL-APEL, A. R.; TÖPFER-PETERSEN, E. Determinants of sperm quality and fertility in domestic species. Reproduction, v.134, p.3-17, 2007.

SILVA, A. E. D. F.; UNANIAN, M. M.; CODEIRO, C. M. T.; FREITAS, A. R. Relação da Circunferência Escrotal e Parâmetros da Qualidade do Sêmen em Touros da Raça Nelore, PO. Revista Brasileira de Zootecnia, v.31, n.3, p.1157-1165, 2002.

VIU, M. A. O.; MAGNABOSCO, C. U.; FERRAZ, H. T.; GAMBARINI, M. L.; OLIVEIRA FILHO, B. D.; LOPES, D. T.; VIU, A. M. F. Desenvolvimento ponderal, biometria testicular e qualidade seminal de touros nelore (Bos taurus indicus) criados extensivamente na região centro oeste do Brasil. Archives of Veterinary Science, v. 11, n. 3, p. 53-57, 2006.